Carlos Sá, o atleta barcelense que venceu recentemente a ultramaratona de Badwater, no Vale da Morte (Califórnia), esteve no Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), a convite do Rotary Club de Barcelos, esta terça-feira, dia 10, para proferir uma palestra sobre como “Superar os Limites”.
O evento contou, entre outros, com a presença de estudantes e docentes deste estabelecimento de ensino superior, rotários, desportistas e membros de várias associações do concelho.
O vice-presidente do IPCA, Prof. Dr. Agostinho Silva, abriu a reunião e deu as boas vindas aos presentes. Na sua introdução, o responsável do IPCA elogiou o percurso do convidado e o papel que este desempenha como exemplo e factor de motivação para desportistas e não só.
O Presidente do Club, Miguel Henriques, agradeceu ao IPCA a colaboração que tem vindo a prestar na realização destes eventos e ao orador, pela disponibilidade imediata que teve em estar presente. Miguel Henriques chamou a atenção para o papel que Carlos Sá tem tido na promoção de Barcelos e no incremento da auto-estima e motivação dos barcelenses. O responsável do Club elogiou o fair-play do ultramaratonista, referindo que este “luta” consigo próprio com vista à superação dos seus próprios limites.
Carlos Sá recordou os já longínquos tempos em que o vencedor da ultramaratona de Badwater, com o tempo de 24 horas e 38 minutos, pesava 96 quilos e fumava dois maços de tabaco por dia.
Carlos Sá começou a trabalhar aos 13 anos, na indústria têxtil, limpou vidros e pintou edifícios com dotes de alpinista, sendo, desde o ano passado, o primeiro ultramaratonista profissional em Portugal.
Em janeiro, Carlos Sá bateu o recorde na subida à montanha mais alta da América do Sul, a Aconcágua, nos Andes argentinos, com 6962 metros. Em abril, o atleta barcelense conquistou um brilhante 4º lugar Marathon de Sables, a ultramaratona de areia no deserto do Sahara, o que o colocou como melhor atleta não africano.
O que o trouxe para estas aventuras foi o alpinismo e os feitos de João Garcia. Depois de uma expedição com o alpinista, Carlos Sá decidiu, com um grupo de amigos, tentar escalar a sexta montanha mais alta do mundo, o Cho Oyu [8201 metros], no Nepal. Começou a preparar-se intensamente, fazendo corridas em altitude, mas, no fim, o grupo não conseguiu obter os patrocínios necessários.
Carlos Sá descobriu, contudo, a sua vocação para as ultramaratonas, até que, no início do ano passado, depois do 4º lugar no Ultra Trail do Monte Branco, com toda a elite mundial presente, a Berg o convidou para ser embaixador da marca. E foi esse o ponto de viragem.
A capacidade de resistência a nível biológico de Carlos Sá está a ser objecto de estudo pelo Hospital de Santo António, em parceria com a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
O ultramaratonista deixou claro que o seu segredo reside na força de vontade, persistência, rigor e disciplina. Mesmo quando bate um record, acredita que podia fazer melhor. Não obstante a sua persistência, Carlos Sá nunca ultrapassa a linha do razoável. Para o barcelense, nestas situações, os desafios permanecem em aberto e um dia voltará a tentar.